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Por meio de cartas, diários e confissões, François de Taulane, o protagonista do romance A menina que não fui, narra em primeira pessoa os diversos impasses que enfrentou em sua vida, não apenas devido a seus desejos, mas também à sua própria identidade. Homossexual e órfão, ele é atormentado desde a infância por sua atração pelo sexo masculino e por um possível desconforto em seu gênero. Nas primeiras páginas, o leitor se depara com uma pessoa que decide contar por escrito seus conflitos internos numa sociedade ainda hipócrita, que hesitava entre religião e laicidade, e que via na…mehr

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Produktbeschreibung
Por meio de cartas, diários e confissões, François de Taulane, o protagonista do romance A menina que não fui, narra em primeira pessoa os diversos impasses que enfrentou em sua vida, não apenas devido a seus desejos, mas também à sua própria identidade. Homossexual e órfão, ele é atormentado desde a infância por sua atração pelo sexo masculino e por um possível desconforto em seu gênero. Nas primeiras páginas, o leitor se depara com uma pessoa que decide contar por escrito seus conflitos internos numa sociedade ainda hipócrita, que hesitava entre religião e laicidade, e que via na homossexualidade uma patologia. François é apelidado pelos colegas de "mulherzinha" e de "rainha Françoise" pelos colegas que por ele sentiam tanto desprezo quanto atração. Os traços notavelmente intimistas e escandalosos de A menina que não fui se distinguem dos chamados "romances de costumes colegiais" e, de maneira geral, da literatura de sua época. O enredo se situa em grande parte na instituição de ensino Saint Louis de Gonzague. Os diretores religiosos, em sua hipocrisia, são retratados não apenas como incapazes de sustentar a própria moral que pregavam, mas também como corruptos. Essa é uma das causas da triste sina do protagonista, que tentará se encaixar na normatividade sexual e abandonar seus instintos, segundo um termo da época, "contra-natura". Em seu prefácio intitulado "O menino que era rainha", em alusão à ascensão e ao declínio de François, João Silvério Trevisan, com seu olhar perspicaz, traz elementos-chave para atualizar a discussão sobre A menina que não fui. O livro, em capa dura, conta com ilustração de capa da artista Felipa Queiroz. Ornada com gaufrage e belas pinturas laterais, a edição conta com um posfácio do tradutor e um caderno de imagens.

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Autorenporträt
Han Ryner, pseudônimo de Henri Ner (1861-1938), publicou mais de cinquenta obras entre 1880 e 1938: ensaios, contos, romances, teatro e poesia. Versátil e multifacetado, participou do círculo literário de Alphonse Daudet e se aproximou ativamente dos meios anarquistas, tomando a defesa de Sacco e Venzetti no caso judiciário que os condenaria à morte. Antimilitarista e antipatriota, foi processado em razão do panfleto virulento que escreveu com outros militantes. Por causa de seu entusiasmo pela filosofia grega, ganhou os apelidos de "Sócrates contemporâneo" e de "Príncipe dos narradores", um tanto limitantes se considerarmos o caráter universal de sua verdadeira natureza. Polemista, Ryner tinha tendência à ironia e ao humor ácido, ao estranho e ao fantástico. No entanto, sua natureza pacifista preconizava um individualismo não egoísta: para ele, esse individualismo nada mais é do que a liberdade interior, condição para a liberdade humana coletiva. "A menina que não fui" (1903) é apenas uma das muitas facetas desse autor que se aventurou nos mais diversos universos literários, abordando temas como a energia universal, o espaço e os alienígenas. Foi considerado um dos precursores da ficção científica graças a seu mais famoso romance "O Homem-formiga", que a Ercolano trará em breve, em tradução inédita, ao público brasileiro.