Resultado de pesquisa independente em terreiros e com lideranças religiosas do candomblé em São Paulo, João Pessoa e Fortaleza, este livro traz ao centro da discussão o mundo das festas de candomblé e os banquetes servidos às visitas. Ao demonstrar que comida também serve para governar, Patrício Carneiro Araújo conduz-nos por uma sociologia da mesa das autoridades, mostrando quanto, no mundo dos terreiros, comer é um ato político; e cozinhar, um ato de poder: uma autêntica diplomacia da boca. As relações de poder, próprias ao mundo intra e interterreiros, passam por diferentes espaços, representados por cadeiras e mesas em torno das quais orbitam alianças políticas e rígidas etiquetas ligadas à hierarquia religiosa e ao tempo de iniciação. Aí, o lugar ocupado à mesa está diretamente relacionado com a posição ocupada no sistema religioso. Aqui, a discussão vai além da especulação sobre a dieta das divindades e concentra-se naquilo que as pessoas comem e como comem. Por outro lado, ao buscar compreender os sentidos do comer na sua interface com as redes de poder religioso, o autor demonstra quanto as tradições afro-religiosas são dinâmicas, seja adaptando sua mesa às novas dietas alimentares que chegam aos terreiros por meio dos adeptos, seja criando novas tradições alimentares determinadas pelos orixás. Da sua cadeira ou da sua mesa, babalorixás e ialorixás governam o microcosmo dos seus terreiros, valendo-se de um sistema de redistribuição alimentar e de uma endopolítica fundamentada na ideia de axé, também sinônimo de poder. E como a comida é portadora de axé, comer confunde-se com poder, já que ter poder também é poder comer o que se quer.
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