Seara Bem-vindos à aventura do tentar. E tentar e tentar e tentar. E tentar mais uma vez, de novo e sempre. Melhor não esperarem sucesso, a não ser como descrito na primeira acepção de nosso inseparável amigo Aurélio: "Aquilo que sucede, acontecimento, sucedimento". Sucessivamente, vocês hão de tentar outra vez, até chegar lá, e verificar que não é um ponto final. Não há ponto final. Têm a minha solidariedade, a minha companhia silente. A solidão do escritor é cheia de companhia, todos os seres, reais ou imaginários, com que estabelecemos algum tipo de contato na estrada da vida, todos, mesmo ou principalmente os que esquecemos, todos se farão presentes entre os olhos, os dedos e as teclas. Em silêncio estridente. Bem-vindos à tarefa de bem dizer o que não está dito, ou maldito, bem-vindos à montanha de Sísifo. A questão decisiva é a questão de Sísifo, digam isso em francês, essa é a graça. Vocês me parecem prontos para, e mesmo desejosos de, viver a frustração nossa de cada dia. Evitem chorar em público, façam seus leitores chorar. Procurem não reclamar, tomem providências. Construam suas catedrais e castelos de areia. Quando a onda chegar, ergam as mãos para o céu. É a natureza primeira e última da palavra: ser grão. Feliz semeadura. Pedro Bial