O foco da reflexão encaminhada neste livro é a Clínica de Linguagem com afásicos ou, mais especificamente, a proposição de que o cruzamento das modalidades oral e escrita da linguagem seja tomado como dispositivo de mudança da condição sintomática do paciente (FONSECA, 2002; MARCOLINO, 2004; GUADAGNOLI, 2007; ARANTES e FONSECA, 2011). É no interior desta perspectiva que Santos faz render a indicação de Cordeiro (2019) de que a escrita autobiográfica seja também implementada como suporte para o atravessamento do luto em causa na afasia. Nessa perspectiva, Santos implica, além de um cérebro ferido e a consequente perturbação na linguagem (oral, escrita, gestual), também um drama subjetivo. Isso porque o afásico é um sujeito que sofre por efeito de uma perda de posição para sustentar-se como falante na língua constituída. Este drama, instaurado subitamente pela manifestação linguística sintomática, abala um ideal de si como falante, ao mesmo tempo em que esgarça o seu laço com os outros falantes (FONSECA, 1995, 2002): isolamento e marginalização social concorrem para aprofundar a dor que envolve a "perda de vez e voz" na linguagem (FONSECA, LIER-DEVITTO e LANDI, 2007; FONSECA, LIER-DEVITTO e OLIVEIRA, 2015). Suzana Carielo da Fonseca
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