O mundo foi surpreendido pela invasão da Ucrânia pela Rússia. À atmosfera pesada de uma pandemia letal, veio se somar o gosto velho e amargo da Guerra Fria, no qual vidas de pessoas comuns contam menos do que a lógica geopolítica das grandes potências. A partir de então, mapas e fotos de cidades e aldeias ucranianas passaram a circular em jornais, noticiários de televisão e na internet. Para a maioria das pessoas, tais lugares não passam de nomes quase impronunciáveis; para nós, soam familiares. A invasão russa trouxe para nosso dia a dia algo que estava adormecido em um canto da memória ou restrito aos contos da literatura ídiche: a geografia judaica do Leste Europeu, terra de nossos pais, avós e bisavós. Nessa confusão de sentimentos, fomos tomados por recordações familiares. Nossos pais, avós e bisavós mantinham com suas terras natais relações por vezes marcadas pelo rancor, outras por nostalgia, outras, ainda, por uma combinação de ambos. Por isso, legaram-nos silêncios, intervalos de memórias, cheiros de comida, visões de mundo, pequenos gestos, hábitos curiosos que se transformaram em fontes de afeto, imaginação e desejos de apreensão literária e histórica.
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