Partindo de um acontecimento histórico, o livro conta a história de um curioso presente dado pelo rei de Portugal, em 1515, ao papa, em Roma. Naquela época, os humanos apreciavam oferecer regalos raros e grandiosos uns aos outros. E o que poderia ser mais raro e grandioso do que um elefante que não existia em terras europeias? Para conseguir o presente, só mesmo pedindo ao Governador de Goa, numa Índia dominada por Portugal, que enviasse ao papa, o exótico animal. O problema é que também não existia a fotografia, e mesmo as viagens intercontinentais não eram coisa que se fizesse com facilidade. O jeito que as pessoas tinham para conhecer a fauna de terras distantes era consultando bestiários, publicações que representavam animais exóticos, com boas doses de sonho e de imaginação. E foi exatamente desse modo que o rei de Portugal conheceu os elefantes. Mas o que ele teria visto de fato? Como poderia ter certeza de que o presente, enviado ao papa era mesmo um elefante? Assim começa a grande confusão da viagem de Hanno e Ganda, que possui contornos de fábula, ao atribuir características humanas aos personagens animais. Contada por um inusitado narrador, a história fantástica, além de apresentar um mundo de outrora, nos fará refletir sobre ações e pensamentos humanos, e certos cacoetes e desvios que até hoje podemos observar, contribuindo para questionamentos profundos acerca de como nos relacionamos uns com os outros, com os animais e com a natureza. As ilustrações do gravurista Samuel Casal apresentam aos leitores o clima que estava presente nos bestiários, aliando imaginação e ciência, realidade e fantasia, com boas pitadas de estranheza ao interpretar graficamente os seres ainda desconhecidos.
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