Estes pinguins de Airton Paschoa parecem aves, bichos, mas são humanos - especialmente humanos, fundamentalmente humanos, que é o que de fato interessa - aparentemente provenientes dos cronópios e famas de Júlio Cortázar e dos bichos-humanos subterrâneos nascidos de Kafka, mas talvez de outras origens, que falam de uma humanidade nos limites do quase nada, mas falam de si e de nós todos. Trata-se de uma fala de mínimos limites, de mínimos argumentos ou constatações, um mundo semifalante, como se a palavra se dissolvesse na não-fala, em busca de sentidos indisponíveis, que arcam com as palavras feito um peso morto, no qual a metáfora ou alegoria do título do livro remetesse a um mundo remoto e perdido. Porém, não se trata de um mundo morto, senão de nosso mundo feito ruínas, fragmentos do que poderíamos ser, ter sido, a rigor, do que somos. Para lembrar Eliot, trata-se de uma terra devastada, como sobrante de um bombardeio que nos desfez e nos restos do qual nossos corpos e nossa mente se movem em busca de alguma coisa. Ao leitor cabe conviver com as fortíssimas tensões dos textos e alinhar-se à aventura de pensar e refletir em suas propostas e seus temas, como algo que a vida intelectual não oferece de barato mas recompensa como poucos livros da nossa literatura contemporânea. É um desconforto para crescer e humanizar-se.
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