Com um olhar inovador, a historiadora Bartira Ferraz Barbosa desenvolve a pesquisa sobre afros e indígenas representados por Frans Post, artista membro do Alto Conselho do governador geral João Maurício de Nassau-Siegen e responsável pelo registro de paisagens na capitania de Pernambuco e capitanias anexas, áreas por ele visitadas entre 1637 e 1644. Este livro trata das múltiplas identidades de afros e de indígenas retratadas por Post como personagens em coletivos e como protagonistas de cenas sobre o cotidiano colonial vividas em engenhos, vilas, campos e missões para redução de indígenas. Para a autora, cada cenário pintado por Frans Post servia como moldura aos encontros entre afros e indígenas, os personagens preferidos do artista setecentista. Em uma narrativa de perspectiva inversa, ela acredita que a escravidão e o tráfico de escravos estão invisibilizados pelo pintor de Haarlem e que elementos humanos e naturais, na época tidos como exóticos, como a cana de açúcar, o abacaxi, o tatu, as danças de afros e as de indígenas foram seu foco. Se a arte de Frans Post tratou sobre homens e mulheres escravizados e anônimos, no século XVII, é possível que a história contemporânea possa ampliar seu olhar com o livro Afros e Indígenas na pintura de Frans Post e suas reflexões sobre as composições paisagísticas como fontes de pesquisa para a história do Brasil e não apenas como gênero de pintura.
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