Pedro vivia incomodado com a perda da memória recente, em contrapartida, se distraía com a memória remota que, sem aviso prévio, o surpreendia nas horas mais impróprias. Não queria esquecer de quem era, por isso agarrava-se a lembranças, que por muito tempo viveram lacradas em uma das caixas armazenadas em seu cérebro. Tinha vergonha de muitas dessas lembranças, embora soubesse que em uma hora qualquer, teria que abrir essas caixas e deixá-las escapulirem. Fugia delas como o diabo foge da cruz. No entanto seu coração pedia isso. Precisava fazer as pazes com ele mesmo e com os filhos que tanto fizera sofrer no passado. Era preciso pedir-lhes o perdão que sabia não ser merecedor. Antes que fosse tarde. Será que nosso personagem terá tempo de pedir perdão aos filhos e conseguir, ao mesmo tempo, perdoar a si próprio?