O ENSAIO É UMA FORMA SELVAGEM NO UNIVERSO DA LITERATURA. O ensaio lida com outras obras, com problemas, com o tempo, criticamente, com espírito crítico mas sobretudo liberdade. Ana Luísa Amaral é poeta premiada e tradutora, lidando, portanto, com a literatura de dentro. É também professora e estudiosa, lidando de fora. O ensaio, num caso assim, fica numa espécie de lugar duplo, dentro da escrita mas fora da produção imediatamente ficcional, dentro da reflexão mas fora dos textos comentados, o que garante, inclusive, o próprio comentário. A experiência do ensaio resulta de uma experiência de leitura, e leitora, antes de tudo, é o que caracteriza Ana Luísa Amaral. Neste livro, vários são os problemas enfrentados, as temáticas visitadas, desde Emily Dickinson e Mário de Sá-Carneiro, velhas aventuras amorosas da ensaísta que tanto traduziu Emily, até a teoria queer, da qual a eminente professora é uma das mais destacadas especialistas em Portugal. E, ao final, em torno desse animal indócil que é a literatura, uma peça em três atos, celebração do hibridismo que não é sinal de glória, mas de pura vida, indomável e incerta vida. Arde a palavras e outros incêndios não é, portanto, apenas um livro de crítica literária, mas uma homenagem à literatura, sobretudo à capacidade que essa linguagem tem de fomentar leituras infinitas, leitores sem fim.
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