Não sabemos com certeza quais os textos de Ribot que foram lidos por Nietzsche. Embora consideremos ser impossível refazer toda a trama de influências sobre o pensamento nietzschiano, podemos encontrar na obra do filósofo alemão várias semelhanças teóricas com os textos de Ribot: a continuidade entre o físico e o espiritual; a consciência como produto do desenvolvimento orgânico; o projeto de uma nova psicologia; a decadência cultural causada por doenças fisiológicas; entre outras. Não se trata, entretanto, de mostrar uma influência, mas de compreender que, de alguma forma, Nietzsche estava inserido em um projeto de transformação dos modos de conhecimento e de entender o mundo, o homem e a cultura, especialmente no contexto francês da psicofisiologia. As Doenças da Personalidade, publicado em 1885, é o último livro da trilogia sobre doenças psicológicas, que já havia investigado as desordens da memória e da vontade. Ribot aborda os vários tipos de doenças da personalidade para esclarecer como a evolução construiu algo tão complexo como a personalidade e a individualidade humanas. Em todos os casos, inclusive o normal, os estados psicológicos remetem a estados físicos. O texto pretende mostrar que o eu não é uma entidade unitária e imutável, causa das ações humanas, mas uma multiplicidade dinâmica de ações nervosas e, portanto, a resultante de processos orgânicos.
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