Neste livro, a historiadora Mônica Karawejczyk apresenta o resultado de uma sólida investigação sobre o processo que culminou com a conquista do voto feminino no Brasil em 1932. A palavra conquista é apropriada para falar sobre as diferentes vozes que se manifestaram desde meados do século XIX, época das primeiras demandas pelo sufrágio, até os anos de 1930, quando o direito ao voto foi estendido às mulheres. Ancorada em uma vasta pesquisa documental, Mônica nos conduz até as estratégias adotadas por homens e mulheres que defenderam o direito à cidadania feminina, enfatizando o protagonismo de personagens como Leolinda Daltro, Bertha Lutz e Maria Lacerda de Moura. Em que pese o objetivo comum das lideranças, suas ações (registradas em cartas, atas, reuniões com parlamentares, atos públicos e na imprensa) evidenciam desacordos e disputas sobre os caminhos do movimento. As manifestações eram pacíficas, tais como a realização de reuniões com parlamentares, publicações de artigos na imprensa e organização de encontros de mulheres. Todavia, Mônica demonstra que ações contestadoras, como as tentativas de alistamento de mulheres e o comparecimento a atos promovidos pelo Poder Público com cartazes e faixas alusivos à conquista do voto, também fizeram parte do ativismo político feminino. Através de um diálogo entre a história política e a história das mulheres, Mônica Karawejczyk demonstra que as relações de gênero estiveram no centro do debate público durante a Primeira República. Seu trabalho descortina a difícil caminhada da população feminina até a conquista do voto. A história narrada neste livro não acabou. Muitos argumentos contrários ao voto feminino nas primeiras décadas do século XX ainda são evocados para justificar a posição subalterna das mulheres na política e em outros setores da sociedade. É uma leitura fundamental para compreender a história da cidadania no Brasil e a luta travada por diversas gerações de mulheres em busca da igualdade. Natalia Pietra Méndez - Professora do Departamento de História/UFRGS
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