Durante o século XIX, o conhecimento denominado como científico passou a ser considerado como a mais importante forma de entendimento dos fenômenos humanos, contrapondo-se a outras fontes de saber mais antigas e tão respeitáveis como as artes. Assim, apoiada em ideias racionalistas e positivistas, a ciência passou a explicar todas as formas de expressão humana definindo o fenômeno da loucura como doença mental. Se por um lado a ciência libertou a loucura das correntes e celas dos asilos, por outro lado, alienou-a dentro dos limites do saber médico-científico. Desse modo, naquela época, muitos escritores criaram romances, novelas ou contos abordando o tema da loucura para questionar sua abordagem científica, dentre os quais temos Edgar Allan Poe e Machado de Assis. Entretanto, considerando que esses dois escritores também manifestavam outras preocupações para além do tema da loucura enquanto doença mental, utilizando o método comparatista, o presente livro também analisa as representações da loucura e seus entrelaçamentos com a ironia, paródia e sátira, nos textos de "O sistema do doutor Alcatrão e do professor Pena", de Poe e "O alienista", de Machado.
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