'Tenho 88 anos e não vou viver para sempre. Por isso é muito importante continuarmos a contar essa história para que o mundo nunca se esqueça do que aconteceu.' Ao ouvir este trecho da entrevista de Francisco Balkanyi, Maura Palumbo decide ser a porta-voz dessa história.Francisco Balkanyi nasceu no Uruguai em 1928. Seus pais, húngaros, atendendo aos pedidos da família, decidem voltar para seu país. Assim, com menos de dois anos de idade, Francisco chega a Cakovec (hoje território da Croácia). Se ao menos pudessem imaginar o que os esperava...Em maio de 1944 Francisco e seus pais são levados para Auschwitz no primeiro trem de judeus húngaros. Aos quinze anos, Francisco passa a viver todo o drama de um campo de concentração. Libertado pelos norte-americanos no fim da guerra, retorna ao Uruguai para refazer a vida e finalmente se muda para São Paulo em 1971. O número 186650, tatuado no antebraço esquerdo e quase apagado pelo tempo, ainda é um sinal de sua vitória.Neste livro, Francisco Balkanyi e Maura Palumbo relatam as dolorosas situações que ele vivenciou no maior campo de extermínio humano e que devem ser um alerta para que as futuras gerações não se deixem levar por doutrinas que conduzam ao fanatismo.Leia um trecho:"O exército invadiu a casa, a papelaria, a livraria e a gráfica da família de Francisco. A ordem era para que todos os judeus se apresentassem na sinagoga. Uma lista dos judeus da cidade já havia sido providenciada, impossibilitando qualquer tentativa de fuga. A ameaça era clara: quem não se apresentasse seria capturado e fuzilado, e os reféns seriam mortos.- Eu ficarei com as chaves - disse o oficial a Lajos.Francisco ainda não conseguia assimilar a extensão do problema e, junto com seus pais, foi escalado para o primeiro transporte, acreditando que iriam permanecer juntos trabalhando na região rural de alguma cidade húngara.Mas Lajos, que havia trabalhado como ferroviário no final da Grande Guerra, antes de ir para o Uruguai, conhecia o caminho e percebeu que em determinado trecho da viagem o trem desviou em direção à Polônia. Neste destino os campos não semeavam vida..."
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