Em Brasil: neoliberalismo versus democracia, Alfredo Saad Filho e Lecio Morais analisam os paradoxos do Brasil moderno. Já nas primeiras linhas os autores fornecem a chave de leitura que ampara sua interpretação de como o Brasil transitou da ditadura à democracia e deixou para trás o modelo de substituição de importações, abraçando, sem amarras, o neoliberalismo. Com rigor e precisão, apoiados no método e no instrumental analítico marxista que lhes conferem grande destaque no campo da economia política, Saad Filho e Morais resgatam as ambiguidades de um Estado profundamente conservador. Nessa teia de contradições, toma forma o que denominaram "neoliberalismo desenvolvimentista", cuja essência paradoxal se expressa no colapso do projeto político do Partido dos Trabalhadores (PT). Implementado gradualmente pelas administrações federais lideradas pelo PT, o "neoliberalismo desenvolvimentista" sustentou-se enquanto apresentou êxitos sociais e econômicos incontestáveis. Em uma interpretação original, Saad Filho e Morais mostram que, quando as limitações desse modelo se tornaram evidentes, os setores que se sentiram prejudicados por ele - a chamada aliança de privilégios - articularam-se para pôr fim ao impasse. Esse movimento de elites levou ao impeachment de Dilma Rousseff e ao surgimento de uma extrema direita de massas no país. Para os autores, "as tensões devidas à incompatibilidade entre a democracia e o neoliberalismo limitaram o espaço para a distribuição de renda e riqueza e para a integração social baseada na cidadania". Em tempos de resistência, quando a crítica tende à indulgência ou aos vícios inerentes às democracias neoliberais, Saad Filho e Morais nos desafiam a enfrentar o passado sem reservas e a mirar o futuro com a audácia que a busca por mudanças estruturais exige. Por isso mesmo, a leitura deste livro é fecunda, urgente e indispensável.
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