Primeiro livro escrito em francês pelo filósofo romeno, Breviário de decomposição é uma excelente introdução à obra do mestre. Publicado na França em 1949, depois de ter sido reescrito por quatro vezes, recebeu, em 1950, o Prêmio Rivarol. Lado a lado com uma irada crítica ao fanatismo, o livro traz uma retomada da temática mística, tratada anteriormente em Das lágrimas e dos santos, texto de 1937. O estilo do filósofo concentra poesia e prosa, precipício e altura, desesperança e lucidez, que atinge neste livro os limites de uma radicalidade existencial a um só tempo consciente e arrebatada. Uma meditação sobre o homem e a sociedade, e também "um catálogo frenético de nossos instintos assassinos". As idéias nascem puras, neutras. O homem lhes dá vida, força, vigor. E projeta suas faíscas, suas loucuras. É aí que se consuma a passagem da lógica à epilepsia. É assim que surgem as mitologias, as doutrinas, as farsas sangrentas; momentos de intolerância ou proselitismo que revelam as profundezas do entusiasmo. Esse é, em resumo, o pensamento de Cioran em Breviário de decomposição, um verdadeiro código do desespero.
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