"Eu sou muito bom em inventar brincadeiras sem futuro", diz o narrador deste livro, na pele do menino que foi. Tirando a parte do "sem futuro", ele estava certo. Pois aquele que inventava as "esculturas de poeira com feixe de luz que entra pelas telhas" e a "batalha estelar de tampas de refrigerante", no beliche de baixo do quarto de pensão onde morava com a família, agora fabula estas páginas comoventes, ásperas e muito originais, trazendo à tona um tesouro às avessas: a indignidade de ser negro e pobre no Brasil, pano de fundo de quase todo o trabalho do autor.
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