A autora do livro e das cartas é Lúcia Velloso Maurício, presa em setembro de 1971, poucos dias depois de completar 20 anos. Ela era militante da VPR e companheira de Alex Polari de Alverga, preso em maio do mesmo ano. Lúcia e Alex casaram-se na prisão em março de 1972. Lúcia ficou presa até setembro de 1974. O livro é uma compilação das cartas de Lúcia para Alex, para os pais, para as irmãs e para algumas amigas. Poucos presos políticos mantiveram uma correspondência tão ativa quanto ela, e uma noção de que aquelas cartas seriam documentos testemunhais de um pedaço da nossa história. Para preservar essas cartas, Lúcia sempre as copiou antes de enviá-las. É um feito e tanto! Além das cercas de 50 cartas, há um pequeno ensaio da professora Clarice Nunes explicando a importância desse pedaço de memória, ainda tão pouco abordado ou revelado pela literatura sobre os anos de chumbo. Ela diz que as cartas de Lúcia recriam para nós, seus leitores, no século XXI, o cotidiano no cárcere tal como o viveu e interpretou. Esse ângulo de visão, que se distingue da aventura da guerrilha narrada pelos homens, coloca um ponto de interrogação do processo histórico a partir desse lugar específico, o cotidiano da prisão. Assim, temas como a luta armada enquanto prática política, a questão geracional, a revolução sexual numa visão exclusivamente feminina, o debate entre mudar o mundo e/ou mudar o indivíduo, os truques e artimanhas usados pelas prisioneiras para aplacar a severa vigilância dos militares, a ocupação do tempo com estudos, artes e muitos outros aprendizados, as estratégias de sobrevivência para aguentar o longo tempo de prisão ganham uma relevância que nenhuma outra fonte foi capaz de revelar.
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