Com os dedos nas feridas abertas pela catástrofe nacional, Felipe Catalani se coloca diante das "fraturas de um Brasil anômico", fustigando a suspeitosa contraposição exposta entre a sangria desatada pela extrema direita e as frágeis ataduras do progressismo. Agora não basta apenas insistir na radicalidade da inerência entre o progresso e a barbárie, ambos nascidos do violento parto da modernidade, que uniu a ciência e a racionalidade da produção com a exploração, o patriarcado, a colonização, a expropriação e a consequente produção em série de uma massa de gente descartável e eliminável. Como a marcha continua sendo a do capital, mas a expectativa de um futuro melhor se dissolveu nas evidências de que ele só pode se reproduzir pelo colapso, é preciso reconhecer que abandonar a longa espera que educou tantas gerações é encarar, também, o "novo tempo do mundo". Se no passado a espera foi interrompida, temporariamente, por processos revolucionários de esquerda que vinculavam as vítimas do progresso à tradição dos oprimidos e sua consciência de classe, os novos tempos são anunciados por quem proclama a guerra de todos contra todos pela sobrevivência, acelerando os tempos do fim. O enfrentamento ao progressismo tornou-se de direita e seu tom apocalíptico ganha adeptos dentre quem sobreviveu somente com os despojos do desenvolvimento capitalista. Ao dirigir-se ao contemporâneo, os textos reunidos em Cada um por si e o Brasil contra todos consideram a imensa desproporção entre o que devemos enfrentar e nossas capacidades de pensamento, imaginação e prática política. Não haveria outra saída para uma teoria crítica e anticapitalista. Carolina Catini
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