Cadernos filosóficos, segundo volume da coleção Arsenal Lênin, reúne um conjunto de textos que, embora pouco conhecido do grande público, é considerado fundamental para a trajetória teórico-prática dos intensos dez últimos anos de vida do líder soviético. Desafiadoras, essas anotações sobre obras e palestras de Hegel centradas na lógica, na dialética e na filosofia da história documentam um momento de transição no pensamento leniniano. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, e a cisão por ela gerada no interior da Segunda Internacional, Lênin viu-se forçado a deixar seu exílio na Polônia e estabelecer-se na Suíça, país neutro no conflito. No período em que esteve em Berna, Lênin leu, fichou e comentou textos filosóficos de diferentes épocas e procedências, de Aristóteles a Hegel e Marx, passando por Feuerbach, Plekhánov e muitos outros. Todos convergiam, no entanto, para uma preocupação central: a fundamentação dialética da transformação social. Ainda que fragmentárias, suas anotações representam uma mudança qualitativa em relação a sua obra filosófica conclusa mais conhecida, Materialismo e empiriocriticismo. A maioria dos ensaios, manuscritos, fragmentos e notas que compõem o volume foi publicada pela primeira vez em 1929-1930, na União Soviética, como parte da Coletânea Lênin. A edição da Boitempo conta com os textos-base traduzidos diretamente do russo pelo coletivo das Edições Avante! e com revisão da tradução de Paula Vaz de Almeida; introdução de Henri Lefebvre e Norbert Guterman, elaborada em 1935 e traduzida do francês por José Paulo Netto; posfácio de Michael Löwy.
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