Nas duas últimas décadas do século XX, a sociedade brasileira começou a passar por uma experiência cultural inusitada que se mantém nos dias atuais. Voltamos a ser quase todos meio caipiras, sem pejorar sobre o que isso significa. Caipira, sertanejo e country tornaram-se denominações comuns de uma vasta produção material e simbólica em torno da reconstrução da ruralidade no Brasil contemporâneo. Acionada em eventos ruralistas com apoio de recursos próprios da indústria cultural, essa produção passou a ser promovida nas mais diversas instâncias de consagração das culturas de consumo, recobrindo quase toda a sociedade. Exposições e feiras rurais, festas, rodeios, shows, festivais de música, eventos esportivos, rituais cívicos, religiosos e outros eventos envolvendo grandes públicos expandiram certas práticas, representações e consumo de símbolos do mundo rural em diversos espaços sociais, contando com a força comunicativa dos programas de rádio e televisão, da indústria fonográfica, de revistas, suplementos jornalísticos e da produção publicitária. Formou-se, assim, uma nova rede simbólica da ruralidade.
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