Grande parte de nossa melhor poesia chega ao público pelas ondas do rádio. Do samba ao rap, da bossa nova aos vários ramos e gerações da MPB, temos chamado de letristas alguns dos grandes poetas da língua portuguesa, que muitas vezes não chegam a reunir suas palavras em livros. Nessa longa tradição, o nome de José Carlos Capinan - ou simplesmente Capinan - é uma presença das mais significativas. Desde os anos da Tropicália, seus versos são musicados por parceiros como Edu Lobo, Fagner, Gilberto Gil, Jards Macalé e Paulinho da Viola, cantados por vozes como as de Gal Costa, Caetano Veloso, Elis Regina, João Bosco e Maria Bethânia, regravados por gerações de artistas e, acima de tudo, cantarolados por milhões de ouvintes, que talvez não saibam que devem ao poeta baiano as letras de "Soy loco por ti, América" ou "Papel machê", entre centenas de outros grandes sucessos que sabemos de cor. Em paralelo às parcerias musicais, Capinan também esteve sintonizado com outros caminhos da poesia de sua época, tendo publicado diversos livros em que sua rara e combativa sensibilidade social se expressa tão intensamente quanto nos discos. Como afirma Maria Bethânia, na orelha desta edição, "Capinan escrevendo é lírico, político, guerreiro, autor raro, brilhante, vivendo na carne cada verso, cada rima, cada expressão". Cancioneiro geral [1962-2023], organizado por Claudio Leal e Leonardo Gandolfi, abarca mais de sessenta anos de trabalho artístico de Capinan, reunindo todos os seus livros de poesia, além de poemas esparsos e uma vasta seleção das canções escritas pelo poeta entre 1965 e 2023, seguidos de um posfácio do jornalista Claudio Leal e textos críticos assinados por José Guilherme Merquior, Ênio Silveira, Gilberto Gil e Luiz Carlos Maciel.
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