Atravessando a Avenida Paulista, na enorme cidade de São Paulo, a jovem caminha pela multidão. Ela almoça olhando no relógio, o tempo de seu cotidiano é contado, mas o que ela enxerga é outro tempo, o da infância vivida na pequena São José da Coroa Grande, no litoral sul de Pernambuco. Tempo de dona Dona Miúda, descendente de escravos e analfabeta, que lia o futuro na fumaça de seu fogão. Tempo de Duca, cuja vida era trazer do mar o peixe que lhe garantia o sustento. Tempo da Maionese, a bicicleta que a levava pelas ruas de terra e sempre de volta para a casa de tijolos, o refúgio contra as histórias que se contavam por lá. A do coqueiro mal-assombrado, a da mulher que virava lobisomem. Mais do que a metamorfose de criança para adulto, Ciranda de nós retrata a mudança de um Brasil que se transformou. Da vila de pescadores que recebia Gilberto Freyre - que discutia sempre com dona Teté, dona da pensão onde se hospedava -, de engenhos seculares dominados por seus senhores, de um país rural, para o primeiro prédio, para a invasão dos turistas, para a chegada do mundo urbano e moderno na São José da Coroa Grande. Este caminhar rumo à luz elétrica, ao asfalto, à tecnologia, vitima não apenas um modo de ser, mas também personagens comuns a um passado literário brasileiro, como o padre, o delegado, a dona da pensão, o dono do cartório, o pedreiro, o pescador, que neste romance encaram as mudanças que o país experimentou nos últimos 30 anos. Alguns, a elas se adaptam, outros são por elas engolidos. Como numa ciranda, Maria Carolina Maia descortina cada eu que compõe a narradora deste romance vencedor do Prêmio Nascente USP/2006.
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