Clara Nunes foi, sem dúvida, uma das maiores intérpretes da música popular brasileira e a sua voz reverbera até hoje como uma das mais marcantes no país. Não se contentando com o papel de grande cantora, foi também devota pesquisadora da cultura afro-brasileira e do folclore nacional. A morte precoce, aos 41 anos, deixou órfã uma legião imensa de fãs, mas também uma saudade profunda em seus familiares e todos aqueles com quem conviveu. Uma iniciativa do Instituto Clara Nunes, em parceria com Programa de Extensão Memorial Clara Nunes da Universidade Federal de São João del-Rei, traz agora a oportunidade a todos os admiradores da intérprete de conhecerem o seu universo além da música, pelas memórias de sua irmã mais velha, madrinha e tutora, dona Mariquita, ou "dindinha" — como Clara lhe chamava. Com a organização de Maria Gonçalves da Silva e Josemir Nogueira Teixeira, o texto convida os leitores a um passeio que começa pelas origens familiares de Clara Nunes na cidade mineira de Caetanópolis e termina com sua ascensão artística, já no Rio de Janeiro. São histórias transcritas, contadas na primeira pessoa pela irmã, Mariquita, que temos a sensação de escutar a nosso lado, com a companhia do cheiro fumegante do café, passado numa humilde cozinha do interior de Minas — quiçá, nas décadas de 1940 e 1950.