Disseminada pelo mundo naquele início de século XX e fundamental para o sucesso de ideias que resultaram em capítulos que estão entre os mais vergonhosos de nossa história, o relincho de que alguns seres humanos são superiores a outros está no centro do que se passa num sanatório a poucos quilômetros de Buenos Aires. Se homens de boa formação desejam sanar suas dúvidas científicas, qual é o problema de guilhotinar cabeças daqueles que julgam não ter o mesmo direito à vida? Há muitos pontos que podemos discutir a partir deste romance de Roque Larraquy. A eugenia é um dos aspectos mais evidentes, porém traços como o patriotismo que cega e serve de pretexto para atrocidades e o preconceito aos negros e indígenas, perseguidos não só na Argentina, mas por todos os cantos da América Latina, também estão presentes. Num corte temporal inesperado, o debate sobre os limites éticos da arte se apresenta. Comemadre tem traços caros ao que há de melhor na literatura argentina contemporânea: o horror, o absurdo, o bizarro, os toques de um humor nada óbvio... E, claro, a acidez, a capacidade de incomodar. "A classe média salva a Argentina. Seu triunfo será no mundo todo", lemos em uma das epígrafes. O sarcasmo é outra virtude a ser enaltecida. Rodrigo Casarin
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