Em «Como o Povo Judeu foi Inventado» o autor analisou o mito supra-histórico da existência de um «povo judeu», apurando não haver denominador étnico, linguístico ou cultural comum às diversas comunidades de judeus. Houve quem contrapropusesse que o elo residia na «Terra de Israel», justificando a colonização sionista e a criação do Estado de Israel com base em razões como a terra dos antepassados, direitos históricos ou aspirações nacionais, ideias que o autor refuta.
Nos termos da Bíblia, o povo é estrangeiro e o que lhe foi prometido foi a «Terra de Canaã», não «de Israel». A Terra de Israel, só abrange o território do reino setentrional de Israel, não incluindo Jerusalém, Belém ou Hebron. Abraão nasceu na Mesopotâmia, não se demorou e imigrou para o Egito. Moisés nasceu no Egito e ali juntou o povo que encaminhará para a Terra Prometida. As revoltas dos Asmoneus e dos Zelotas, de Bar-Kochba e o suicídio colectivo de Massada não ocorreram na Terra de Israel, mas mais a sul. O grande «exílio» do séc. I não tem o mínimo fundamento histórico. Terra Santa e expressões similares constituem tardias invenções cristãs e rabínicas, com sentido religioso e não geográfico. Durante milénios, as grandes figuras do judaísmo encararam Jerusalém como o metafísico lugar da redenção messiânica, não um destino terrestre. Assim, no final do século XVIII habitavam na Palestina menos de 5.000 judeus entre 250.000 árabes, muçulmanos e cristãos.
Em 1881, têm início os grandes pogroms na Europa oriental. Até 1918, 2,5 milhões de judeus abandonam o Império Russo, rumando à Europa central, ocidental, EUA e dando um fundamental impulso ao desenvolvimento dos sionismos alemão e britânico. Theodor Herzl desenvolve a ideia de que também os judeus eram um povo e ansiavam pelo seu Estado, ideia que mereceu pronto e amplo repúdio do judaísmo rabínico. Na Grã-Bretanha, Lorde Balfour expressa a simpatia do Governo em relação à constituição na Palestina de um «lar nacional» para o povo judaico.
Na primeira metade do século XX, a maioria dos judeus não vislumbravam a Palestina como a sua terra, pelo que não consideraram para aí encaminhar-se. Os terríveis golpes que se abateram sobre os judeus e o encerramento das fronteiras do mundo ocidental, impulsionaram a colonização judaica da Palestina e a criação do Estado de Israel.
A custo de muitos anacronismos e manipulações semânticas a terra tornar-se-á na «Terra de Israel» dos grandes nomes do movimento sionista, que sabiam que os autóctones eram muitos, mas não consideravam a sua presença impeditiva da colonização, já que na sua perspectiva o mundo não-europeu era um espaço vazio de presença humana relevante.
Para Shlomo Sand, os judeus não dispõem de qualquer prioridade «histórica» sobre a terra que o Estado de Israel hoje domina; a certidão de nascimento da religião judaica não é um título dourado de propriedade nacional à custa dos autóctones. O autor encara Israel como fait accompli, mas reclama a transformação do Estado judaico num Estado de todos os seus cidadãos, independentemente de etnias ou religião.
Nos termos da Bíblia, o povo é estrangeiro e o que lhe foi prometido foi a «Terra de Canaã», não «de Israel». A Terra de Israel, só abrange o território do reino setentrional de Israel, não incluindo Jerusalém, Belém ou Hebron. Abraão nasceu na Mesopotâmia, não se demorou e imigrou para o Egito. Moisés nasceu no Egito e ali juntou o povo que encaminhará para a Terra Prometida. As revoltas dos Asmoneus e dos Zelotas, de Bar-Kochba e o suicídio colectivo de Massada não ocorreram na Terra de Israel, mas mais a sul. O grande «exílio» do séc. I não tem o mínimo fundamento histórico. Terra Santa e expressões similares constituem tardias invenções cristãs e rabínicas, com sentido religioso e não geográfico. Durante milénios, as grandes figuras do judaísmo encararam Jerusalém como o metafísico lugar da redenção messiânica, não um destino terrestre. Assim, no final do século XVIII habitavam na Palestina menos de 5.000 judeus entre 250.000 árabes, muçulmanos e cristãos.
Em 1881, têm início os grandes pogroms na Europa oriental. Até 1918, 2,5 milhões de judeus abandonam o Império Russo, rumando à Europa central, ocidental, EUA e dando um fundamental impulso ao desenvolvimento dos sionismos alemão e britânico. Theodor Herzl desenvolve a ideia de que também os judeus eram um povo e ansiavam pelo seu Estado, ideia que mereceu pronto e amplo repúdio do judaísmo rabínico. Na Grã-Bretanha, Lorde Balfour expressa a simpatia do Governo em relação à constituição na Palestina de um «lar nacional» para o povo judaico.
Na primeira metade do século XX, a maioria dos judeus não vislumbravam a Palestina como a sua terra, pelo que não consideraram para aí encaminhar-se. Os terríveis golpes que se abateram sobre os judeus e o encerramento das fronteiras do mundo ocidental, impulsionaram a colonização judaica da Palestina e a criação do Estado de Israel.
A custo de muitos anacronismos e manipulações semânticas a terra tornar-se-á na «Terra de Israel» dos grandes nomes do movimento sionista, que sabiam que os autóctones eram muitos, mas não consideravam a sua presença impeditiva da colonização, já que na sua perspectiva o mundo não-europeu era um espaço vazio de presença humana relevante.
Para Shlomo Sand, os judeus não dispõem de qualquer prioridade «histórica» sobre a terra que o Estado de Israel hoje domina; a certidão de nascimento da religião judaica não é um título dourado de propriedade nacional à custa dos autóctones. O autor encara Israel como fait accompli, mas reclama a transformação do Estado judaico num Estado de todos os seus cidadãos, independentemente de etnias ou religião.
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