Neste livro, abordamos a compreensão de história de Hannah Arendt na chamada fase da reconciliação com o mundo, que abrange o período de 1952 a 1961. Diante da constatação factual da ruptura com a tradição, a pensadora observou a necessidade de propor uma nova relação com o mundo comum e a oportunidade de estabelecer uma nova relação com a história. Contudo, sua perspectiva de história foi legada em fragmentos diluídos em sua obra. Devido a isso, estabelecemos como fontes principais A Condição humana, de 1958, e Entre o passado e o futuro, de 1961; e objetivemos analisar, a partir das contribuições historiográficas levantadas das fontes, a compreensão de história de Arendt. Nossas considerações desembocaram em três eixos: a) averiguação de uma nova relação com os acontecimentos; b) compreensão da formação da matéria factual; e c) processo de reificação da história real em história narrada. Destarte, nossa pesquisa contribuiu com a Teoria da História, na medida que evidenciou uma escrita da história contrária aos principais paradigmas da década de 1950. Assim como acrescentou uma possibilidade interessante aos historiadores em guiarem suas narrativas sob as noções de imprevisibilidade, irreversibilidade e reificação. Sobretudo, entregamos um complexo e singular levantamento da fortuna crítica arendtiana entre os historiadores brasileiros.
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