... traduzo asilo por morte da esperança. Deve ser horrível. Pior do que a vida é só aguardar a morte. Fecho a janela. Caminho pelo quarto. Divago. Meu gato ouve o movimento e vem se enroscar em minhas pernas. Ronrona. É confortável. Pulsa. Acalanta. Mas é uma presença que sempre denuncia uma falta. É uma presença que dói. Acendo o primeiro cigarro do dia e volto à janela. Nada acontece. Trago a fumaça: modo artificial de aquecer o peito; mais uma invenção humana, para suportar o insuportável. Faz dias que não bebo. Vejo a garrafa de vinho pela metade. Dou um gole, do gargalo. Tá velho. Um pouco avinagrado. Não faz diferença. Sobre a mesa, enxergo a navalha de barbear. Ela me sorri com um brilho que intimida, provoca e traz paz. Ela é um estímulo. Uma amiga íntima. Faz troça de mim. Diz que sou covarde. Mas há sempre um espaço que é só nosso... Isso a impede de saber que não vou desapontá-la.
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