A partir de uma análise comparativa, proponho a compreensão da maneira como três periódicos, um da Argentina e dois do Brasil, discutiram as questões relacionadas ao sexo e ao prazer que faziam parte das reivindicações do movimento feminista pós-1960, expressas pelo slogan "O nosso corpo nos pertence". Minha intenção, neste trabalho, é analisar criticamente os discursos das escritoras, jornalistas e militantes que publicavam seus textos nos periódicos feministas, e também nos da grande imprensa, tendo em mente que esses escritos estiveram permeados de intencionalidade e foram produzidos em um lócus específico de mulheres que escreviam para outras mulheres. Ao lado disso, busco entender como essas representantes da imprensa feminista, parte da chamada imprensa alternativa, traziam para o seu público leitor - em sua maioria, composto por mulheres - as questões pertinentes à sexualidade, ao prazer e ao corpo, que estavam sendo debatidas, naquele momento, pela mídia mais ampla nos dois países. O cenário das ditaduras militares completa o quadro, trazendo relações ambíguas vividas pelas feministas, de alianças políticas até o silêncio diante de alguns temas centrais do movimento, forçado pela repressão e pela ameaça do regime militar.
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