Diariamente há ocorrências de insultos raciais, por vezes aparecem na mídia, e, em razão dessa dimensão midiática, as discussões sobre o assunto se avolumam. Os debates, geralmente, giram em torno dos agressores racistas. Embora essas denúncias e suas consequentes punições sejam imprescindíveis, o que se observa é um esvaziamento do discurso sobre o racismo como fenômeno presente na sociedade brasileira. Isto é, ao se tratar de expor individualmente os envolvidos em crimes raciais deixa-se, convenientemente, de aproveitar esses eventos para a reflexão de como a nação se porta em relação ao racismo e o quanto "se importa" em relação à população negra. De modo que, como uma "raridade", o indivíduo racista é execrado socialmente e só. Quiçá, ocorra uma ação judicial, certamente, não virá ao conhecimento público; no desfecho, as mídias se harmonizam à espreita de um "novo racista". Situações como essas se tornaram corriqueiras, assim como se banalizou a questão sobre a morte em massa de jovens negros no país. Nesse cenário de desigualdades raciais, acentua-se mais ainda a prática de discriminações contra mulheres negras, que continuam segregadas socialmente por elementos étnico-raciais e de gênero, ambos marcadores de privilégios na ordem social vigente. Histórias como a de Simone Diniz registram na justiça nacional e internacional um exemplo corriqueiro de discriminação racial constatado no mercado de trabalho por mulheres negras: "contratação de pessoa branca". Como Diniz, muitas Simones estão diariamente expostas a discursos preconceituosos, discriminatórios ou carregados de estereótipos, sutis ou escancarados, seja na mídia ou nos demais espaços sociais. Os apelos a uma "boa aparência" demarcam relações étnico-raciais hierarquizadas, desumanizando e discriminando as mulheres negras, impondo-lhes um estigma, individual ou coletivamente. Nessa perspectiva, a obra Corpos negros, linguagens brancas: o mito da boa-aparência, estabelece diálogos com jovens negras a fim de ouvir o que dizem sobre si mesmas, quais estéticas produzem, quais modelos resistem, rejeitam ou anuem. Seus sins e seus nãos, suas histórias e experiências, no contexto educacional. Eis aqui algumas dessas vivências e trajetórias para despertar reflexões instigantes e inovadoras acerca de si mesmo, da outra, do outro e de nós, todos nós.
Dieser Download kann aus rechtlichen Gründen nur mit Rechnungsadresse in A, B, BG, CY, CZ, D, DK, EW, E, FIN, F, GR, H, IRL, I, LT, L, LR, M, NL, PL, P, R, S, SLO, SK ausgeliefert werden.