A poesia não existe só para quem "gosta de poesia", assim como não nasce para elucidar inverdades ou aplicar conceitos ideais para a vida tão complexa que temos. A poesia simplesmente existe de forma inevitável desde sempre, como se houvesse, no âmago do seu aparecimento, um mundo diferente ligado essencialmente ao simples mundo em que transitamos. Porém, toda essa complexidade muitas vezes surge do mais simples que a vida tem. É real! Quando o poeta Marcello Borges escreve Das coisas simples da vida: um mundo de poesias, ele pretende trazer ao leitor a sensação de que tudo nesta vida é repleto de poesia que se fragmenta e "mundifica-se" em cada existência, isto é, monta-se e remonta-se em toda vida de forma distinta e real. O mais simples ato de amor, a mais humilde emoção, o mais comum dos gestos e a mais corriqueira das manifestações diárias são excessivamente carregados de perene emoção, de verdades sedentas de interpretação. Contudo, as desilusões, as perdas, as saudades, os enganos e as dores do passado também fazem parte de tudo isso e precisam ser compreendidos como uma forma de aprendizagem humana, porque compõem nossa existência e revela a magnífica poesia. O uso de uma linguagem simples é característico do autor, já que percebe a vida dessa forma, sem perder, é claro, todo brilho que ela possui. Entretanto, o que mais chama a atenção é a tentativa de fazer o leitor identificar-se com aquilo que está escrito de uma maneira única, embora as ocasiões da vida sejam inúmeras e distintas. Nesta obra, não há menos que a verdade, ora tranquila, ora gritante, das coisas singelas que vivemos, sentimos, fazemos e que vemos neste mundo, principalmente trazidas pelas lembranças. Desperte esse mundo que existe na sua alma. Sinta as emoções "do mais simples da vida".
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