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Com relação à psicanálise, a inversão é completa. O discurso dominante se ocupa de traumatismos que não são sexuais, nem originários ou genéricos, que não têm nada de constitutivo, que são acidentes da história, ao mesmo tempo coletiva e individual. A esses traumatismos, que é preciso chamar de contingentes, ele acrescenta uma suposta vítima inocente, que cai sob o julgo do autómaton, com efeitos pós-traumáticos que o liberam de toda implicação subjetiva, e à qual somente devem ser dispensados cuidados e reparação. Evidentemente, há aí algo a se julgar, e inclusive resolver quando o problema…mehr

Produktbeschreibung
Com relação à psicanálise, a inversão é completa. O discurso dominante se ocupa de traumatismos que não são sexuais, nem originários ou genéricos, que não têm nada de constitutivo, que são acidentes da história, ao mesmo tempo coletiva e individual. A esses traumatismos, que é preciso chamar de contingentes, ele acrescenta uma suposta vítima inocente, que cai sob o julgo do autómaton, com efeitos pós-traumáticos que o liberam de toda implicação subjetiva, e à qual somente devem ser dispensados cuidados e reparação. Evidentemente, há aí algo a se julgar, e inclusive resolver quando o problema do tratamento se apresenta. Vale ressaltar que a psicanálise, tal como entendo a psicanálise lacaniana, está ali lutando, luta ética contra toda concepção psi que, em sua condescendência bem-intencionada, faz do sujeito uma marionete da sorte. Trata-se de saber, especialmente para os psicanalistas, se o trauma que está no cerne do inconsciente, como segredo dos sintomas, é da mesma classe que os traumatismos que o discurso contemporâneo produz. Qual é a sua incidência nesses novos traumas? A historicidade do tema do traumatismo, bem como a da angústia, indica por si só em que medida ele se relaciona com a ordem do discurso que regula os laços sociais, como também a subjetividade.
Autorenporträt
É psicanalista, clinica e leciona em Paris. Seu encontro com Lacan, com quem se analisou, causou a escolha pela psicanálise. AME, membro-fundador da IF-EPFCL, diplomada em Psicopatologia, doutora em Psicopatologia pelas Universidades Paris V e Paris VII, respectivamente. É autora de inúmeros livros e artigos sobre a psicanálise lacaniana publicados em diferentes línguas. Dentre seus livros publicados no Brasil estão: O inconsciente a céu aberto nas psicoses (2002), O que Lacan dizia das mulheres? (2005), O inconsciente: que é isso? (2012), Lacan, o inconsciente reinventado (2012), Lições sobre as psicoses (2016), A querela dos diagnósticos (2018), Rumo à identidade (2018), Lacan, leitor de Joyce (2018), Os adventos do Real (2018), Homens e mulheres (2019).