Mesclando experiência do vivido e reflexão, e fundado em uma original comparação entre os processos de acerto de contas com as violências do apartheid sul-africano e da ditadura civil-militar brasileira, Edson Teles analisa o importante papel da memória e do perdão nas democracias contemporâneas. Na África do Sul, reconhecer que o passado de crimes do apartheid era condenável, e passível de perdão, permitiu uma ação política de reconciliação, essencial para pensar um futuro sem violência. O Brasil, sem ética do perdão nem discurso de responsabilização sobre os crimes da ditadura, preferiu calar-se diante das injustiças, criando uma silenciosa cultura política e social de impunidade. Evidencia-se, pois, o reconhecimento público da memória da violência como condição fundamental para a recomposição do laço social.
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