- Mãe, estou com uma dor na barriga... - Quem sabe precisas ir ao banheiro. - Não, acho que não é isso. Acho que é minha "bomba" que vai estourar. Esse breve diálogo se deu entre uma menina que esperava ansiosamente seu presente de Dia das Crianças, uma boneca-bebê, e sua mãe, alguns dias antes da "chegada" do presente. Ela estava prestes a dar à luz e, mesmo nunca tendo (obviamente) passado por essa experiência, pôde sentir no próprio corpo, infantil ainda, uma profunda identificação com aquelas mulheres que dão à luz. Essa "bomba" (a bolsa) estava rompendo para possibilitar a chegada de uma nova vida. E como é estar nesse lugar? Essa pergunta é o que este livro tenta responder. Por meio de observações realizadas em um Centro Obstétrico de um hospital público durante 19 meses, a autora leva o leitor a se encontrar com as mulheres que estão parindo: em um tempo e lugar onde as palavras não são suficientes, e a disponibilidade emocional de quem cuida delas é essencial. Ao longo do texto, o leitor será levado a compartilhar o testemunho da autora, que se emprestou como intérprete das parturientes, com a intenção de descortinar as camadas que envolvem a experiência feminina do parto. Ao aproximar o olhar de um momento tão fugaz quanto o parto, que muitas vezes se perde entre a gestação e o puerpério, oferece-se aqui uma nova perspectiva para o trabalho relacionado às práticas de assistência ao parto e ao nascimento.
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