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Uma garota foi declarada louca e trancaada no manicômio… e esse era seu plano o tempo todo. A garota era Nellie Bly, destemida repórter que queria investigar como as pacientes eram tratadas e acabou denunciando a tortura e o abandono não só das doentes mentais, como o de muitas mulheres sãs, que a sociedade tachava como "indesejáveis". Foi a primeira reportagem da jornalista que — quando se dizia que redações "não eram lugar para mulher" — foi aonde quis (deu até a volta ao mundo em 72 dias!), fez história e detonou preconceitos.
Uma garota foi declarada louca e trancaada no manicômio… e esse era seu plano o tempo todo. A garota era Nellie Bly, destemida repórter que queria investigar como as pacientes eram tratadas e acabou denunciando a tortura e o abandono não só das doentes mentais, como o de muitas mulheres sãs, que a sociedade tachava como "indesejáveis". Foi a primeira reportagem da jornalista que — quando se dizia que redações "não eram lugar para mulher" — foi aonde quis (deu até a volta ao mundo em 72 dias!), fez história e detonou preconceitos.
Quando tinha 18 anos, Nellie Bly leu no jornal um artigo sobre o "problema" que eram as mulheres que não se casavam nem tinham filhos. Ela respondeu com uma carta tão elegante e mordaz que o editor do jornal logo a contratou. Para não ficar confinada às colunas de moda e "cuidados do lar", Nellie partiu, aos 21 anos, para Nova York à procura de emprego e foi desafiada por Joseph Pulitzer a investigar, pelo lado de dentro, um asilo mental acusado de maus-tratos às pacientes. "Eu disse que poderia, que iria e o fiz", foi a resposta. E o fez com coragem e afinco. Hospedou-se em uma pensão, onde fingiu ter um surto, foi detida pela polícia e examinada por um juiz e por médicos. Enganou a todos, foi tachada como louca irremediável e levada ao infame "Asilo de Loucos" da Ilha Blackwell, com a esperança de ser retirada de lá ao fim de dez dias. "A gente vê como faz isso mais tarde", disse o editor, o único que sabia da artimanha. Dentro das grades do manicômio Nellie sofreu na pele, literalmente, os abusos de enfermeiras sádicas e o descaso de médicos incompetentes ou desinteressados, a quem ninguém conseguia provar a própria sanidade, já que qualquer argumento era desqualificado como mera "alucinação". O relato dos seus dias no Manicômio causou indignação nos leitores e levou a uma investigação pública. Foi a primeira matéria de Nellie que levou a um avanço concreto nos direitos femininos, e a ela seguiram-se outras reportagens transformadoras, incluindo denúncias de corrupção, tráfico de bebês e exploração de mulheres. Mais que uma desbravadora, Nellie Bly ajudou a fazer o mundo um pouco melhor, uma reportagem de cada vez.
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