Do mar do Caribe à beira do Madeira há muitos espaços, tempos, discursos. Algumas narrativas, de tanto se ouvir/ler, já eram tidas como a história verdadeira, versão única da jornada de povos que ajudaram a fundar Porto Velho pelas trilhas do seu trabalho. Reconhecer identidades é tarefa que exige chegar perto, por isso, era mais fácil dizer "barbadianos". Mas ela se reconheceu, encontrou-se com a historicidade do nome que carrega, olhou-se no espelho, ouviu canções, ouviu-se com calma, ouviu histórias familiares, sentou para observar o pão que comia e foi ler livros... mas ela não estava lá. Percebeu que as mulheres chamadas de "prostitutas negras de Barbados" eram sua tataravó, bisavó, avó, mãe, ela própria... Reconheceu os ditos, os não ditos e os desditos da literatura regional e percebeu que alguém devia contar essa história... mas seria ela? Por que não? Com sua coragem e forte delicadeza peculiares, Cledenice Blackman brinda-nos com uma história que nos leva do mar ao rio, tecendo novos olhares para a história de Rondônia e também novas perspectivas metodológicas para o estudo historiográfico sobre migração, mas principalmente sobre os antilhanos. Desmonta a perspectiva linear sobre o tema que vigorava até então e cria uma nova perspectiva de leitura que considera a multiculturalidade, a heterogeneidade e a diversidade sociocultural da imigração antilhana para Porto Velho - RO.
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