Zé Carioca? Tudo bem — mas Zezinho era melhor Jorge Mello não para de me espantar. Está reconstruindo, talvez sozinho, a história do violão no Brasil. Quando se dispõe a levantar a carreira de um dos gênios do instrumento, como o fabuloso Garoto — ou de um não tão famoso, como Nestor Campos, não por acaso sucessor de Garoto no Trio Surdina —, ninguém o segura. Não há informação, fotografia, recorte de jornal, discografia ou gravação que lhe escape. Eu próprio, que às vezes me arrisco a reconstituir vidas, não sei de onde ele tira tanta informação. Agora é a vez de Zé Carioca — ou, mais exatamente, Zezinho, José do Patrocínio Oliveira —, o multi-instrumentista de cordas que, mesmo que nunca tivesse dado sua voz e personalidade ao papagaio de Walt Disney, já mereceria uma biografia. Siga neste livro a trajetória de Zezinho, em São Paulo, no Rio e na própria Hollywood, nos anos de 1920, 1930 e 1940 — ele era, por exemplo, um dos músicos favoritos de Carmen Miranda —, antes que um acaso o fizesse dar vida a um (sabe-se hoje) imortal personagem dos desenhos animados. Zezinho não era apenas um músico a quem o violão, o cavaquinho, o banjo, o bandolim, a guitarra havaiana, o ukulele e outros deveram interpretações definitivas. Era também uma pessoa que colecionava amigos e marcava todos que o conheciam. É este homem e artista que Jorge Mello revive nestas páginas, com sua capacidade de desencavar informações que nós, os infiéis, julgávamos perdidas.