O livro Emã e Tekoha: territórios indígenas e a política indigenista aborda mais um capítulo da história das relações dos povos indígenas com os não índios, marcada pela guerra, tanto em seu sentido bélico quanto ao relacionado à política de alianças e negociações em torno dos territórios em disputa. Nesse ínterim é necessário demonstrar as estratégias, formas e conteúdos das relações estabelecidas entre os colonizadores e as sociedades indígenas, na busca pela afirmação de seus respectivos modos de vida. Conquanto não apenas produzir uma história polarizada e simplificante das relações entre índios e não índios, mas uma história que seja reveladora da riqueza das situações históricas e dos contextos político-sociais estabelecidos pelos sujeitos em ação. Os indígenas, enquanto protagonistas de suas histórias, desenvolveram, com genialidade e por meio de intensa luta, políticas próprias para se contraporem à política indigenista, conseguindo, assim, manter parte de seus territórios e a sua continuidade enquanto populações diferenciadas entre si e dos não indígenas. Indubitavelmente, ocorreram mudanças na forma de vida indígena, mas não se deve colocar a subordinação das diferentes etnias, enquanto uma resultante absoluta do contato dos índios com os instrumentos do colonizador. Não ocorreu a homogeneização esperada pelo estado, sendo que os grupos indígenas reelaboraram sua concepção de sociedade e de mundo, mas mantiveram seu modo próprio de ocupação do espaço e construção do tempo, por meio da sua lógica, relacionada a um novo contexto histórico. Destaca-se a luta indígena pela terra, como forma de concretização da sua vida material, para a sobrevivência das suas comunidades.
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