Este livro trata de uma das mais clássicas questões da História e Ciências Sociais latino-americanas: a entrada das camadas populares urbanas e rurais no cenário político do continente. Para enfrentar processo tão complexo e com demarcação temporal tão variada, o autor estabeleceu uma precisa estratégia teórico-metodológica. Partiu da constatação da falta de enraizamento do marxismo comunista na América Latina, sobretudo face à interpelação de esquerdas nacionalistas, sob formas discursivas variadas. Por isso, decidiu analisar as relações de aproximação e de afastamento entre esses dois discursos que, se concorreram entre si, também realizaram alianças, ainda que tensas e ambíguas. Algo que só poderia ser feito, a partir de estudos de caso, em perspectiva comparada, razão pela são examinados os exemplos do Peru, nos anos 1920/30 e do Brasil das décadas de 1950/60. O autor enfrenta o desafio de estabelecer o que considera como vertente discursiva do marxismo comunista e também dessas esquerdas nacionalistas. Nesse caso, o autor começa pela própria questão de como chamá-las, rejeitando designações correntes e optando pelo "nome comum", nacionalismo popular. Essa é uma das mais interessantes contribuições do livro, já que não se precisaria fazer tal escolha. A construção de generalizações entre experiências nacionais não exige a cunhagem de um termo comum, pois ele não obscurece suas singularidades. Do mesmo modo, a utilização de categorias "nativas" não apaga a existência entre seus pontos comuns. Assim, é com o poder descritivo do nacionalismo popular, que André faz um exame cuidadoso do que ocorreu no Peru e no Brasil, nessas duas conjunturas críticas, em que as "origens"e trajetórias dessas duas vertentes políticas levam a achados instigantes.
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