Este livro apresenta uma análise inovadora das relações diplomáticas entre Brasil e Portugal sobre a questão da independência da África lusófona. Até 1961, verifica-se a manutenção de uma relação privilegiada com a pátria lusitana, traduzida no incondicional apoio brasileiro prestado aos assuntos do interesse de Portugal que se colocavam nos foros internacionais, como a questão da descolonização africana, no âmbito da ONU. As contradições e abstenções por parte do Brasil começam a partir da Política Externa Independente (PEI), projeto formulado em 1961 pelo então Presidente Jânio Quadros e seu chanceler, Afonso Arinos de Melo Franco, que visava a renovação da ação externa do país. O anticolonialismo e a defesa da autodeterminação dos povos eram princípios da PEI que, entretanto, acabou encontrando grandes dificuldades para manter a coerência do posicionamento brasileiro na ONU, diante do incontornável processo de descolonização dos territórios portugueses na África. O acesso às fontes primárias inéditas, no Brasil e em Portugal, bem como aos livros escritos pelos chanceleres e formuladores da PEI constitui importante metodologia para a comprovação das hipóteses em torno das grandes oscilações demonstradas pela nossa delegação nas mais importantes votações sobre a questão nos palcos da ONU.
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