Quando completa um ano da morte de sua mãe, que vivia no interior de Minas Gerais, uma botânica de renome internacional resolve pôr os pingos nos is de uma relação permanentemente marcada pela instabilidade, pela culpa e pelo rancor. A tarefa, pode-se imaginar, é das menos simples. E envolve uma miríade de lembranças, cenas familiares, violência abafada pelas convenções sociais e a consciência (sempre dolorosa) de que, por mais que nos esforcemos, as armadilhas dos afetos sempre estão pelo caminho. E seguem nos machucando, muito tempo depois dos eventos traumáticos. Neste romance tocante e poderoso, Maria Esther Maciel parte das "coisas" - plantas, objetos, insetos - para reconstruir o passado da protagonista. A mãe, centro das rememorações, foi uma mulher a um só tempo vítima de seu tempo e algoz da própria filha. Uma mulher que alardeava a própria infelicidade e que parecia não desejar a satisfação alheia - especialmente da filha, por quem nutria uma obsessão feita de reproches, cobranças, destruição da autoestima e desejos obscuros. Entre a crônica familiar e a meditação sobre os laços emocionais que muitas vezes são construídos por meio da violência (real ou simbólica), Essa coisa viva faz o inventário de duas vidas unidas para além das questões emocionais. Duas vidas permanentemente assombradas pelos eventos decisivos que as afastariam para sempre.
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