Lúcio Pessôa transita a carreira nesse ir e vir de almas imagéticas, ruas caóticas, invólucros rompidos, tragos intragáveis. Brinca com a imagem, objeto do artista, o parto que o poeta vivencia a cada parir - sim, o poeta é a alma doi(í)da do artista. Esse seu Eu Tono brinca de nasceres e morreres, Entre Dedos e Lábios, com os não dizeres presentes no Teatro e na prosa anteriores, na vida, no vazio do olhar de quem pensa, alinhavando com fios de nada que preenchem tudo. Há reflexões naquele sopro que move a camisa no Varal ou que acalenta o juízo num mirar por sobre um prédio, Oculto, flores naquela lembrança de nódoa invisível, nos sonhos inacabados de quem ainda se equilibra num viver de alma em um mundo-cachorro de carnes e ossos. Amar dói. Do verbo ao pó. Amar pela palavra é utopia extrema de quem brinca de escrever. Brincar às vezes também dói. Dores ungem. E o amor atemporal do poeta Lúcio atraiçoa tanto quanto amar nessas bandas de cá. Traições bem-vindas que nos remetem para dentro. Dores do poeta que abastecem o ânimo a cada ida-e-vinda. [EU]TONO talvez resuma esse meu enxerimento em tentar definir o indefinível. O parto. O teletransporte labiríntico. O parir que mata e o morrer que revive. Ele brinca tão profundamente com o objeto do artista, a imagem, nasceres e morreres que desejo a você ao final desta leitura em Roda-Gigante. Cangaço incansável. Mordaça. O fim. (sem fim...).
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