Ouvir as crianças, saber o que dizem quando brincam, quando cantam, quando sonham, quando gritam, quando calam. Eis o imperativo ético que propõe Françoise Dolto, num apelo que continua a reverberar com o passar das décadas e continua a ser ignorado por gente demais. Há uma radicalidade nessa proposta que não se percebe à primeira vista. Conceber a criança como sujeito pensante, como sujeito lúcido a ser ouvido com atenção máxima, é um ato capaz de produzir grande transformação tanto no cotidiano quanto no pensamento. Neste livro vemos, com ampla riqueza de perspectivas, o impacto superlativo que essa ideia pode ter em vários campos do conhecimento. Em suas páginas, ouvimos Dolto à luz da psicanálise, da medicina, da cultura em seus vários caminhos. E a partir de seus autores, e de Dolto, talvez nos aproximemos um pouco mais de cumprir o grande desafio de ouvir enfim as crianças e acolhê-las. Julian Fuks