Gosma rosa é uma metáfora poderosíssima de um mundo afetivo em crise, onde tudo está a ponto de fundir-se, ainda que se sustenha por fios débeis da memória, da ternura, da solidariedade e do esforço para chegar a um lugar onde a vida seja outra coisa. A linguagem está carregada de um alento poético, que ao mesmo tempo é concreto, sabiamente apoiado nos detalhes. A leitura desta obra singular resulta em uma voz estimulante e perturbadora, e depois de fechá-la suas imagens seguirão perseguindo-nos por muito tempo, com sua carga de beleza e melancolia. É realmente extraordinário. Piedad Bonnett À metade do caminho entre uma distopia clássica, como 1984 ou Fahrenheit 451, e uma das magníficas novelas de catástrofes de J.G. Ballard, El mundo sumergido ou La sequía, Gosma rosa conta a história de uma mulher e sua solidão, de um cataclismo ecológico e um mundo arruinado, da maternidade, da fome e do silêncio. Com uma arquitetura sutil de camadas e mecanismos, e sempre intensa e evocativa, esta obra atravessa os gêneros (ciência, ficção, distopia, ecocatástrofe) e se instala em um território único, à borda do horror, mas sem se submergir nesse abismo: um espaço desolador, mas não livre de esperança. Fernanda Trías conseguiu criar um espelho em que se observa este tempo tão estranho que nos tocou viver, e nos presentear com o melhor de seus romances. Ramiro Sanchiz
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