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Na sátira atribuída a Gregório de Matos e Guerra, o caráter e as paixões do personagem satírico que vitupera vícios e viciosos são inventados retoricamente com categorias e preceitos éticos, jurídicos e teológico-políticos da "política católica" ibérica, sendo repetidos nos poemas como esquemas opositivos de ação verbal: catolicismo X heresia e gentilidade; brancura X não brancura da pele; discrição X vulgaridade; fidalguia X plebe; honestidade X desonestidade; liberdade X escravidão; masculino X feminino; sexo natural X sexo contra naturam. Constituindo-se como semelhança virtuosa das…mehr

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Produktbeschreibung
Na sátira atribuída a Gregório de Matos e Guerra, o caráter e as paixões do personagem satírico que vitupera vícios e viciosos são inventados retoricamente com categorias e preceitos éticos, jurídicos e teológico-políticos da "política católica" ibérica, sendo repetidos nos poemas como esquemas opositivos de ação verbal: catolicismo X heresia e gentilidade; brancura X não brancura da pele; discrição X vulgaridade; fidalguia X plebe; honestidade X desonestidade; liberdade X escravidão; masculino X feminino; sexo natural X sexo contra naturam. Constituindo-se como semelhança virtuosa das categorias positivas, o personagem satírico compõe os tipos viciosos como semelhanças malvadas das negativas, afirmando ser tipo virtuoso, por isso indignado contra a corrupção da sua Cidade segundo uma afetação retórica de indignação, como ocorre na Sátira 1, 79, de Juvenal: [...] si natura negat, facit indignatio versum. Quando declara que a ordem racional do seu mundo está corrompida e que sua indignação faz o verso, o personagem de Juvenal afirma também ignorar o valor da disciplina poética. Com verossimilhança dramática, alega viver num mundo caótico em que expressa sua indignação caoticamente, como se o discurso fosse expressão informal da sua ira. Obviamente, é artifício dizer que "não há artifício" no que é retoricamente dito. A irracionalidade da indignação do personagem é inventada racionalmente, enfim, pela técnica de contrafação do fingimento poético que produz estruturas "indignadas" e "excessivas". No século XVII, vulgares as recebiam como ausência de artifício.

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Autorenporträt
Gregório de Matos e Guerra Salvador, Bahia, 1633 (1636). Branco, filho de senhor de engenho. Direito Canônico (Universidade de Coimbra, 1652). Graduação (1661). Casamento (1661). Juiz de Fora (Alcácer do Sal, 1663); Juiz do Cível (Lisboa, 1671); Procurador da Bahia nas Cortes de Lisboa (1668-1674).Viúvo (1678). Nomeado Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia (1679). Retorno à Bahia (1682). Demitiu-se (1683). Casou-se com D. Maria dos Povos. Degredado para Angola pelo governador João de Lencastre (1694). Retorno para o Estado do Brasil (Recife, 1695). Morte (1696). Diz-se que impiamente, comparando o sangue de Cristo crucificado com a vermelhidão dos olhos de um menino com sarampo. Conta-se que cristãmente, entregando-se a Deus. Enterrado na capela do Hospício de Nossa Senhora da Penha, demolida em 1870.