As imagens dos poemas líricos e satíricos atribuídos a Gregório de Matos e Guerra são representativas e avaliativas. Põem em cena lugares-comuns retóricos e poéticos conhecidos, particularizando-os com a paráfrase, a estilização e a paródia de matérias não poéticas das instituições portuguesas e da murmuração informal e de matérias de autoridades poéticas do gênero lírico e cômico; simultaneamente, avaliam a representação para o destinatário, composto ora como discreto, ora como vulgar, na maior ou menor erudição e obscuridade dos estilos. Representativa e avaliativamente, as imagens dão-se à recepção como variações metafóricas das significações correntes no campo semântico geral dos autores e seus públicos empíricos, sendo inventadas segundo o padrão retórico da agudeza, conceito engenhoso ou ornato dialético. No soneto lírico-amoroso "À margem de uma fonte que corria/ lira doce dos pássaros cantores/ a bela ocasião das minhas dores/ dormindo estava ao romper o dia", por exemplo, as palavras agudas da elocução vêm para o primeiro plano da representação e, fundindo aspectos sonoros, olfativos e visuais, figuram artificiosamente a beleza da dama que, ao abrir os olhos, faz a manhã nascer: "Não dão o parabém à bela Aurora/ Flores canoras, pássaros fragrantes,/ Nem seu âmbar respira a rica Flora./ Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,/Tudo à Sílvia festeja, e tudo a adora/ Aves cheirosas, flores ressonantes".
Dieser Download kann aus rechtlichen Gründen nur mit Rechnungsadresse in A, B, BG, CY, CZ, D, DK, EW, E, FIN, F, GR, H, IRL, I, LT, L, LR, M, NL, PL, P, R, S, SLO, SK ausgeliefert werden.