Num esforço conjunto de fotografia aérea improvisada, os Forensic Architecture e as famílias Al-Turi, Al-Uqbi e Abu Freih, de Al-Araqib, utilizam papagaios-de-papel e balões equipados com simples câmaras fotográficas de modo a recolherem imagens aéreas do terreno. Este trabalho colaborativo permite registar indícios materiais da longevidade da presença nestas terras dos beduínos palestinos e da sua luta em curso contra a violência colonial israelense. Paralelamente, pesquisaram-se os arquivos das famílias afetadas, emergindo contratos, documentos de pagamento de impostos, cartas e todo o tipo de documentos atestando a preexistência da aldeia em relação à criação do Estado de Israel, pelo que, nos termos da lei, o seu direito a existir não deveria ser contestado.
Este ensaio é bem revelador do propósito dos Forensic Architecture, orientado para a pesquisa da verdade - que se encara como um bem público -, verdade que não é da ordem da retórica ou da memória, mas que se encontra do lado da matéria: da terra, do território, das construções, das ruínas, dos corpos, dos cadáveres, das formas das nuvens, dos chips dos smartphones, dos metadados de todo o tipo de comunicações. Os Forensic Architecture e Eyal Weizman têm de modo decisivo vindo a reconfigurar a forma e o sentido de uma arte política.
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