Neste trabalho, desenvolvemos uma discussão sobre a relação entre ceticismo e filosofia no idealismo alemão, notadamente em Hegel. Em particular, nos interessa o papel que essa relação desempenha no problema da autodeterminação racional, problema que, a nosso ver, é central para o projeto de filosofia moderna adotado pelos autores do idealismo alemão, e de grande importância para a sua compreensão. Pretendemos mostrar como a confrontação dos autores deste período com os céticos, em particular com Hume, Schulze, Maimon e Sexto Empírico, desempenha um papel central na formação de suas concepções sobre a filosofia, sobre tarefa desta e sobre como ela poderia realizar essa tarefa apenas pela incorporação do ceticismo. Mais do que isso, visamos a mostrar como a confrontação com o ceticismo será fundamental para o desdobramento da concepção que os idealistas alemães têm da autodeterminação racional já que seria como resposta ao ceticismo que eles veriam a necessidade de desenvolver mais profundamente essa concepção do que os seus predecessores haviam o feito ? o que ajudaria a explicar porque, de um projeto crítico baseado na determinação dos limites do entendimento humano, passamos para filosofias segundo as quais toda filosofia tem que e só pode começar pelo absoluto. Esperamos contribuir para a compreensão desses importantes filósofos do idealismo alemão, bem como para a compreensão do ceticismo, mostrando como essas duas formas de filosofia podem se enriquecer mutuamente.
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