Este livro tem como tema principal o exame crítico-analítico de textos que representam o que de mais significativo existe na tradição literária misógina Ocidental. Já desde a sua introdução, e na extensão de cinco magistrais capítulos, estuda o que há de mais exponencial para a questão da difamação da mulher no mundo Antigo e no período medieval. Num percuciente esforço seletivo de fontes, prima por colocar em evidência Aristóteles, Ovídio e Juvenal, autores do mundo Antigo que influenciaram a Patrística representada por escritos de São Jerônimo e Santo Agostinho, antecedidos por Tertuliano, Santo Ambrósio e São João Crisóstomo. Passando por Graciano, chega-se a Abelardo e Heloísa, ao lado de outros autores visitados de forma mais sintética, como Godofredo de Estrasburgo, o anônimo Ancrene Riwle e Guido delle Colonne. Marbodo de Rennes, Walter Map e André Capelão, da tradição misógina satírica no latim medieval, e adaptações vernáculas na Idade Média tardia, com os nomes de Jean de Meun, Giovanni Boccaccio, Jehan Le Fèvre e Geoffrey Chaucer comparecem no livro. Certamente elaborado de forma não só de interesse acadêmico, mas também didático e de apelo popular, o livro muito contribuirá para os estudos das questões de Gênero, da Idade Média, da Religião, da Ética, entre outros. E, para além da instrução e informação que poderá proporcionar, a sua proposta principal é de valor indubitavelmente ético, de combate aos preconceitos, à misoginia que tão duramente malsãos e perversos, ainda nos dias atuais, atingem as pessoas e a nossa sociedade.
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