O livro cobre lembranças que vão dos primeiros passos do compositor Johnny Alf até morrer esquecido por todos. Nascido no bairro Tijuca, no Rio, perdeu o pai muito cedo e a mãe tornou-se empregada doméstica para criar o filho. A patroa tinha um piano e o menino tinha nove anos quando recebeu autorização para tocar um pouquinho... A dona da casa deslumbrou-se com o talento da criança, falou com o marido e este matriculou o menino num curso de piano. Era a preparação indispensável a trabalhos memoráveis. Formado, para ajudar a mãe, passou a tocar em boates na companhia de músicos conhecidos. Os antigos patrões o repreenderam, havia pago cursos de música erudita, e interromperam o apoio. O rapaz foi procurar meios de sobreviver, ganhando uns trocados aqui e ali, trocou a música erudita pela música americana ao estudar inglês no Instituto Cultural Brasil-EUA, no Rio, integrou um clube artístico com filhos de gente mais influente, passou a estudar no Colégio Pedro II e encontrou Dick Farney, Mary Gonçalves e outros cantores. Frank Sinatra acontecia também no Brasil. O contexto brasileiro dos finais da década de 1950 e a tumultuada década de 1960 são pano de fundo deste memorial que ora brota do livro de Edwaldo Arantes sobre Johnny Alf: gênio musical, que pagou caro por coisas que não escolheu: ser pobre, ser negro e ser homossexual num país até então muito preconceituoso. E não pôde formar patrimônio algum com o dom com que nasceu, nem mesmo preparar um fim diferente daquele que teve num hospital de Santo André (SP), depois de três anos de sofrimento por causa de câncer na próstata. O livro traz ainda outros textos sobre personalidades como Sócrates, o líder corintiano e jogador de destaque na seleção brasileira, e o cineasta Zé do Caixão.
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